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sábado, 29 de junho de 2013

Curso de Medicina no interior

UFRN cria curso de Medicina no interior para suprir carência de médicos na região

Para cada 10 mil norte-riograndenses há aproximadamente 14 médicos. Já na Região Sudeste, que possui a melhor distribuição de profissionais no Brasil, a proporção é de 26 para cada 10 mil habitantes.
Considerando a má distribuição de médicos nas diferentes regiões do País e a necessidade de fixar especialistas em saúde fora das capitais, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) oferece, a partir de 2014, o curso de Medicina no interior do estado.
A nova graduação é uma proposta multicampi, o que significa que terá atividades desenvolvidas em mais de uma sede: no Centro Regional de Ensino Superior do Seridó (CERES), que tem campi situados nos municípios de Caicó e Currais Novos, e na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), localizada em Santa Cruz.
“O desafio era criar um curso com modelo pedagógico em consonância com as demandas de saúde da população para formar profissionais que façam promoção, prevenção, recuperação e reabilitação”, explica a vice-reitora da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes.
“Além das necessidades médicas e estruturais, também levamos em consideração a posição geográfica dos municípios envolvidos”, esclarece a vice-reitora, que é também coordenadora da Comissão para Implantação do Curso de Medicina e seu Projeto Pedagógico.
Para Fátima Ximenes, o curso nasce com a preocupação de formar médicos com habilidades técnicas e que possam aprender convivendo com a comunidade. “Nossa missão é formar profissionais tão bons quanto os que estudam em Natal e que além das competências técnicas possam desenvolver atitudes ético-humanistas”, reforça.
Como o panorama da saúde no Trairi e no Seridó é diferente da realidade da capital, foi preciso criar um projeto pedagógico diferenciado, mas que obedecesse às Diretrizes Curriculares Nacionais. “É preciso respeitar as especificidades de cada local para entender as necessidades dos pacientes”, explica a vice-reitora.
Segundo o coordenador do curso de Medicina do CERES/FACISA, George Dantas, a nova graduação terá um método inovador. “O curso será organizado em cinco módulos por semestre com quatro semanas de duração cada”.
George explica que o projeto pedagógico será baseado no método PBL, sigla inglesa para Problem-Based Learning (aprendizagem baseada em problemas), metodologia que usa como ferramenta de ensino situações que precisam ser solucionadas pelos alunos. O objetivo é ter um programa com uma técnica constante de ensino e dar ao estudante a oportunidade de aprender e vivenciar, ao mesmo tempo, um assunto.
O professor diz ainda que o foco é integrar o conjunto de disciplinas iniciais, chamado de ciclo básico, com o ciclo clínico – componentes curriculares específicos como ginecologia, oftalmologia e cardiologia. “O aluno não vai estudar de forma isolada a Fisiologia do Coração, por exemplo. Ele terá contato com um paciente com problema de pressão arterial e estudará o que é preciso para tratá-lo”.
Outro diferencial é que a graduação terá forte vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS), pois desde os primeiros módulos os discentes estarão presentes nos hospitais da rede pública. “Nosso aluno vai aprender no cenário real. Ele vai estudar e trabalhar na comunidade”, enfatiza.

Trajetória
A preocupação de oferecer educação médica de qualidade em interação com a comunidade é histórica na UFRN. Criada em 1958 e transformada em universidade federal em 1960, a Instituição tem tradição na formação de profissionais na área da saúde: seus primeiros cursos foram Farmácia, Odontologia e Medicina.
Com o objetivo de interiorizar o ensino e a prática, em 1966 – durante a gestão do médico Onofre Lopes –, foi criado o Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC). O projeto piloto foi instalado em Santa Cruz, cidade localizada na região Agreste Potiguar, e realizou experiências na atenção médico-social à população rural e serviu como modelo para outros estados.
Seguindo a política de expansão, recentemente posta em prática com o Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), foi possível investir na criação dos cursos de Gestão Hospitalar e de Gestão em Sistemas de Saúde, além da implantação da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, em 2008, também em Santa Cruz, que hoje funciona com os cursos de Nutrição, Enfermagem e Fisioterapia.
Em junho de 2012, o Ministério da Educação (MEC) disponibilizou 1.615 vagas de Medicina no país, principalmente, para cidades do interior do Norte e Nordeste, devido à baixa relação entre o número de médicos por habitante e a distribuição geográfica dos cursos existentes.
Após a determinação do MEC, a UFRN instituiu a Comissão para Implantação do Curso de Medicina e seu Projeto Pedagógico, com a participação da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), da Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN) e dos professores do curso de Medicina de Natal.
A comissão desencadeou uma série de reuniões e audiências públicas nas cidades de Caicó, Santa Cruz e Currais Novos, com o intuito de discutir a implantação do novo curso com gestores públicos, profissionais da saúde, estudantes, professores e a comunidade.
A nova graduação, que foi aprovada pelos Conselhos Superiores da UFRN e pelo MEC, tem previsão de início das atividades para o segundo semestre de 2014, com a oferta de 40 vagas anuais e uma duração de seis anos. Inicialmente, a expectativa é abrir concurso para professores com 42 vagas. Para este ano, serão investidos R$ 14.016.483 em obras e equipamentos, R$ 8.292.870 em recursos humanos e R$ 4.918.320 em custeio do curso.
Os elementos que nortearam a concepção do curso foram o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o Plano de Gestão 2011-2015, e as Diretrizes Curriculares Nacionais.

Dados
De acordo com a Demografia Médica do Brasil, estudo organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), em 2011, a média nacional de médicos registrados por mil habitantes no Brasil é de 1,95. O Sudeste aparece com 2,61, sendo a melhor distribuição de profissionais entre as regiões brasileiras. Já o Nordeste está com 1,19, à frente apenas no Norte.
No mesmo ano, o Rio Grande do Norte registrou uma média de 1,39, sendo a unidade federativa que possui a segunda melhor distribuição na região, perdendo apenas para Pernambuco com 1,51. Porém, os potiguares estão em 13º lugar entre os 27 estados brasileiros.

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