Primeiros colocados em concursos públicos dão dicas

Passar em um
concurso público tem sido o objetivo de muitos profissionais. A
estabilidade e os salários atraentes são algumas das razões que fazem
destes processos seletivos uma verdadeira batalha. Se conquistar uma
vaga é difícil, alcançar a primeira colocação é mais ainda. Porém, há
aqueles que vencem todos os outros candidatos e chegam lá. Será que
existe o tal segredo da vitória?
— Geralmente, os que chegam nas
primeiras colocações são candidatos experientes. Eles sabem como estudar
e buscam formas eficientes de se preparar. Um dos grandes problemas é a
pressa. Eles simplesmente param tudo e estudam de forma obsessiva.
Terminam ficando desgastados emocionalmente e sacrificam a própria vida.
Muitos, inclusive, desistem — afirma Alexandre Maia, psicólogo
especializado em concursos.
Felipe Loureiro, de 25 anos, passou
em seu primeiro concurso aos 16, quando ingressou na Escola Preparatória
de Cadetes do Ar (Epcar). Ele abandonou a vida militar e, quando
prestou vestibular para administração, foi bem-sucedido em todas as
instituições públicas, optando pela Universidade Federal Fluminense
(UFF). Ele, que ainda está na faculdade, passou em primeiro lugar no
concurso do BNDES, para o cargo de técnico de arquivo. No concurso da
Eletronuclear, onde trabalha atualmente, passou em quarto lugar, para a
mesma ocupação. Tantos resultados positivos são, segundo Loureiro,
graças ao controle emocional e a muita dedicação.
— Concurso é
perseverança, não há fórmulas de sucesso. Eu me preparei conciliando
faculdade e trabalho, dedicando quatro horas diárias aos estudos,
durante a madrugada. Foi bastante cansativo, mas a motivação é
estimulante. Conhecer bem a banca examinadora é essencial, por isso
sempre estudo baseado em provas anteriores. Além disso, a minha
tranquilidade me fez não perder o foco e manter a calma durante as
provas — analisa Loureiro, que já está se preparando para concorrer ao
cargo de agente da Polícia Federal.
Criar uma rotina de estudo é
uma atitude defendida por Paulo Estrella, diretor da Academia do
Concurso. Ele destaca a importância de não começar se exigindo muito e
ir aumentando a carga de estudo aos poucos:
— O candidato deve
construir o hábito de estudo, e esse é um processo gradual. No inicio,
ele vai dedicar duas ou três horas por dia, e vai aumentando lentamente.
Quando tiver efetivamente conseguido avançar em algumas disciplinas,
pode abrir espaço para outras. Não há nada pior do que se propor a
estudar muitas horas por dia e acabar não conseguindo cumprir o
compromisso e ter um desempenho abaixo do esperado.
Flávia
Picanço, que passou em primeiro lugar no primeiro concurso que tentou,
para o cargo de técnico no Ministério Público da União (MPU), afirma que
reservar alguns momentos para o descanso foi importante na sua
trajetória.
— Aproveitei que estava desempregada e tinha tempo
para me dedicar bastante, mas em alguns momentos do dia e aos domingos
tentava esquecer um pouco os livros e me distrair. Eu fiz um cronograma e
dediquei cada etapas do dia (manhã, tarde e noite) para diferentes
matérias. Saber me organizar e manter o foco foram essenciais na minha
trajetória — afirma a jovem de 30 anos, formada em engenharia, mas que
pretende se manter no serviço público e tentará agora o certame da
Receita Federal.
A ansiedade pode ser uma adversária dos
candidatos no momento do tudo ou nada. Muitos querem estudar até o
último momento e podem acabar se prejudicando. Juarez Lopes, diretor do
Instituto de Otimização da Mente (IOM), critica o estudo até o último
segundo:
— Acredito que quem realmente se preparou deve dedicar o
dia anterior ao exame a alguma atividade de lazer. É preciso mudar a
rotina, além de procurar dormir cedo. Estudar até a hora da prova pode
provocar o tão temido “branco”, quando o candidato esquece de boa parte
do que estudou.
Da Agência O Globo